PRESIDENTE ESTADUAL DA ABAMF E PRESIDENTE REGIONAL DA ABAMF CAXIAS DO SUL FALAM AO CORREIO DO POVO SOBRE EFETIVO POLICIAL.

PRESIDENTE ESTADUAL DA ABAMF E PRESIDENTE REGIONAL DA ABAMF CAXIAS DO SUL FALAM AO CORREIO DO POVO SOBRE EFETIVO POLICIAL.
Associação defende criação de política de Estado para reposição
O quadro previsto de efetivo mínimo pela Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), entidade que representa servidores em nível médio da Brigada Militar, é de 31 mil homens e mulheres, após a desvinculação do Corpo de Bombeiros. Mas, segundo o presidente do sindicato no Rio Grande do Sul, José Clemente da Silva Corrêa, o número atual de brigadianos, incluindo os de cargos administrativos, conta com um déficit de 14 mil. “Isso que, na linha de frente, na ponta, fazendo o policiamento ostensivo, temos bem menos”, afirma. Clemente lembra que a determinação do governador Eduardo Leite, anunciada em 2019, para que nenhuma cidade gaúcha tivesse menos que cinco militares na ativa, não é uma realidade hoje em dia, no Estado. “Hámunicípios que são cuidados com efetivos menores que um GPM (Grupamento de Polícia Militar), que devem contar com oito servidores em uma cidade inteira, de pequeno e, até médio porte. Sabemos de cidade menores que não têm mais do que dois militares estaduais”, explica o presidente da Abamf.

Clemente enfatiza que Forças Táticas de um município precisam se deslocar para localidades vizinhas para reforço de policiamento em determinados momentos. “Acontece o mesmo com os Batalhões de Choque, que são seis em torno do Estado, a exemplo do que ocorre no litoral em época de praia”, recorda. O jargão “tapar a cabeça e destapar os pés” é trazido pelo representante sindical para sintetizar a situação. “Mesmo que se faça concursos e tente se repor efetivo, como foi o caso dos últimos aprovados chamados recentemente, faltam ainda 700 concursados que devem fazer o curso de formação, e o Comando da Brigada Militar, que demonstrou ter esta intenção, depende da autorização exclusiva do governador”, diz Clemente, pontuando que, além da execução do concurso em si, é necessário, também, fazer a nomeação dos aprovados para que possam exercer suas funções.

Além da demora na chegada de novos colegas, o presidente da Abamf acredita que a saída dos mais antigos também influenciou para a manutenção do déficit. “Em determinado ano, foram para a reserva 800, seja por tempo de serviço ou por afastamento por doenças e acidentados. Por isso, o efetivo da BM, lamentavelmente, não é suficiente para atender a comunidade com aquela satisfação, por mais que o Comando queira e, de fato, tenha esta intenção”, ressalva. Para Clemente, a solução é uma política de Estado. Deve se instituir em lei a reposição anual de militares com um percentual acima daquilo que as estatísticas nos demonstram a cada ano”, destaca. Ele critica Leite quanto às prioridades na área. “A atual gestão do Estado se preocupa claramente com o saneamento das finanças, mas acaba sucateando o serviço público. Com estes incêndios em vegetações que temos visto, os bombeiros nas cidades não são suficientes para atender a todas as ocorrências”, exemplifica.

Presidente da regional da Abamf em Caxias do Sul, o soldado Júlio Haito confirma um déficit no efetivo na Serra Gaúcha. “Em Caxias do Sul, onde precisamos de 530 servidores, temos 310. Em toda a região deveríamos ter 2.170 policiais e contamos, atualmente, com 1.210, dados que não são fáceis de lidar”, informa. Nas 35 cidades abrangidas pela unidade regional do sindicato, o formato “um cobre o outro” é uma tônica, segundo Haito. “Imagina, percorrer quilômetros para cobrir um colega que está em outra cidade, ainda mais quando são distâncias longas. É peculiar da nossa profissão, mas podemos diminuir os riscos”, diz.