Natural de Doutor Maurício Cardoso, Volnei viveu sua infância e juventude no município, onde estudou da 1ª a 4ª série na Escola Estadual de 1º Grau Incompleto Osvaldo Cruz, em Lajeado Vargas, e da 5ª série ao 3º ano do Ensino Médio na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Doutor Maurício Cardoso. No ano de 1996, serviu ao Exército Brasileiro em Itaqui até ser chamado no concurso que havia feito para a Brigada Militar.
Volnei fez o curso de formação da Brigada Militar em Montenegro, onde ficou na primeira colocação. Isso lhe deu o direito de escolher a cidade onde atuaria, entretanto, os formados foram chamados para exercer a profissão na região metropolitana da capital. Tentou várias vezes vir para região de Santa Rosa, mas não teve êxito. Optou pela cidade de Portão, próxima a São Leopoldo, onde atuou até a sua partida.
O sonho de construir uma carreira bem-sucedida na Brigada Militar foi interrompido no dia 31 de maio de 2006, aos 29 anos de idade. Quando retornava em um ônibus de um seminário latino americano sobre Segurança Pública, em São Leopoldo, teve sua vida ceifada por dois disparos de arma de fogo, após entrar em confronto com um homem que queria assaltar o veículo. Segundo relatos de pessoas que estavam no mesmo ônibus que o policial, enquanto os pertences dos passageiros eram levados pelo suspeito, o soldado Zemolin, à paisana e sentado nas últimas poltronas, sacou a arma e se identificou como policial na tentativa de coibir o assalto. O criminoso agarrou uma mulher e a usou como escudo. Em seguida disparou contra o peito do PM, que caiu sobre um dos bancos. Com ele caído, mais um disparo foi dado.
“Ele teve uma atitude de heroísmo, poderia ter optado por não intervir, alguns até comentaram que seria a atitude mais inteligente a se fazer, mas imagino que o chamado de policial falou mais alto, ele decidiu intervir e defender as pessoas se colocando em uma situação de alto risco”, disse na época o cobrador do ônibus.
Para a família que ainda reside em Doutor Maurício Cardoso, resta a dor da perda e as lembranças do filho e irmão querido.
“O sonho do Volnei sempre foi ser militar, mas quando disse que iria para a Brigada Militar meus pais ficaram com medo devido ao risco da profissão, mas era o que ele queria. Até pediram para ele fazer outra coisa, mas o Volnei era uma pessoa muito determinada, estudiosa e esforçada, acabou seguindo seu sonho”, lembra a sua irmã Daiane Zemolin.
Daiane recorda como se fosse hoje o fatídico dia de 31 de maio de 2006. “Me ligaram da Brigada Militar de Portão à tardinha para dar a triste notícia. Coube a mim transmiti-la a meus pais. Foi o pior momento da minha vida. Quando souberam do ocorrido o desespero e a tristeza foram enormes. A pequena propriedade dos meus pais aos poucos estava cheia de familiares e amigos que vieram prestar solidariedade. Buscamos o corpo dele na cidade de Portão, saímos a noite e voltamos ao meio dia para a despedida e posterior sepultamento em nossa localidade. Foi uma comoção por todo o caminho e o sepultamento ocorreu com honrarias militares”, destaca.
Apesar de 14 anos convivendo com a perda do Volnei, a família destaca que o sentimento que fica é que ele cumpriu sua missão e só deixou lembranças positivas. “Por ter sido um ser humano incrível, com sua simplicidade, carisma, caráter, inteligência nos sentimos honrados de ter convivido com ele e aprendido a sermos mais humanos”, finaliza Daiane.
Jornal Novo Horizonte